segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Musa Topless e a aparente falta de pauta da imprensa

Quem ainda se lembra do Toplessaço que ocorreu no dia 21 de dezembro? Tá, foi um fracasso, pois haviam umas oito mil confirmações de presença e apareceram poucas mulheres para mostrarem os seios. Falei um pouco sobre o evento e minha opinião a respeito da liberdade individual, foi o meu segundo texto no blog. Mas o que me faz voltar no assunto do topless não são os seios de fora no verão carioca que possui sensação térmica de 50 graus, mas a aparente falta de pauta da imprensa. 
No dia 27 de dezembro de 2013, o jornal O Globo elegia a cineasta Ana Paula Gonçalves Nogueira como a musa do Toplessaço. Sabe aquela sensação de escolheram uma personalidade e esta terá direito a ser a única a colher frutos sobre o assunto? Então, foi essa a sensação que tive ao ler a reportagem d'O Globo. Nada contra a Sr.ª Ana Paula, mas se bem me lembro das reportagens sobre o Toplessaço, outras mulheres compareceram ao evento, tudo bem que não foram centenas ou milhares como muitos homens esperavam, mas ela não foi a única. 
Ou melhor, para Bernardo Mello Franco, da Folha de São Paulo, parece que Ana Paula foi a única participante do Toplessaço. Tá, a manchete deve instigar o leitor, deve chamar a atenção para a reportagem, mas começar com uma chamada dessa e logo no primeiro parágrafo se "desmentir" já parece demais. Ok, não sou jornalista e nem cursei jornalismo, mas se o tivesse feito, teria vergonha de fazer isso ai. Aliás, mesmo que não fosse um jornalista, ainda teria vergonha de fazer algo nesse sentido. Mas vamos continuar.
Não sei quando o Sr. Bernardo colheu o depoimento da Sr.ª Ana Paula, mas talvez o título de Musa do Toplessaço, tenha lhe subido a cabeça. Não sei como foi o depoimento, mas colocar a culpa na mania do carioca de falar algo e não cumprir depois não me parece muito justo.
Infelizmente, o carioca tem mania de confirmar e não ir. Todo mundo diz 'Passa lá em casa', mas não dá o endereço.
Tanto na reportagem d'O Globo quanto na da Folha, a Sr.ª Ana Paula tem um breve resumo de sua vida contada para o mundo, não sei qual é a relevância desses fatos para a reivindicação de uma área para a prática do topless, tão pouco sei qual é a relevância de falar que a Sr.ª Ana Paula possuir próteses de silicone nos seios como alerta timidamente o Sr. Bernardo, mas quem sou eu para entender dessas coisas né? Afinal, não sou jornalista.
Mas no depoimento para o Sr. Bernardo, podemos perceber que a Sr.ª Ana Paula não fez parte da organização do evento, e provavelmente não responde pelo "movimento" que criou o evento. Mas pelo jeito aceitou ser a porta-voz das mulheres que desejam praticar o topless. E aqui cabe um questionamento, onde estão as organizadoras do Toplessaço? Desistiram da reivindicação? Acharam que é luta demais para pouco retorno? Deixarão a Sr.ª Ana Paula sozinha na luta?

A aparente falta de pauta da imprensa
Entendo que exista aquela parte dos jornais que se dedicam a falar sobre as celebridades e coisas sem muito valor real. Mas existem pessoas interessadas em saber qual mulher famosa foi a praia nesse calor, ou se alguma outra foi malhar na academia com alguma roupa da moda. Existe todo um mercado e aparato para suprir essa necessidade das pessoas de saberem sobre a vida alheia, talvez seja para ajudar estas pessoas a esquecerem questões relacionadas aos problemas de infra-estrutura do país, afinal, quem se importa se o governo do Espírito Santo vai levar meses, talvez o ano de 2014 inteiro para reconstruir os estragos causados pela chuva.
Talvez peitos vendam mais jornal que notícias, mas longe de mim ditar o que deve ou não virar capa de jornal né? Mas de que importa a minha opinião...
Capa da Folha de São Paulo de domingo, 5 de janeiro de 2014.
Fonte: Reprodução/Folha de São Paulo.
Mas este blog é meu, e deixo aqui a minha opinião sim! Não sei qual é a intenção de tais jornais, não sei se querem uma celebridade para chamarem de sua, não sei se querem mais uma celebridade para pautas importantes como as que citei acima, sinceramente não sei... Mas fica parecendo que querem criar uma celebridade, e não me espantaria uma capa de revista masculina com uma chama do tipo "Mostramos mais do que você pode ver no toplessaço!". Também não me espantaria a participação da Sr.ª Ana Paula em algum reality show qualquer, mesmo ela falando que não é gostosona. O que me parece meio contraditório, luta pela quebra do preconceito contra o topless, mas mantem os padrões de beleza. E nesse ponto vi comentários sobre ela não possuir seios naturais, mas "turbinados" por silicone. Bem, as pessoas se esquecem que cada indivíduo é livre para buscar os meios pelos quais vai se sentir melhor, seja por intervenção cirúrgica estética, dieta ou o que for.
A Sr.ª Ana Paula tem todo o direito de colher os frutos de seu trabalho, mas fica parecendo que ela usou o evento para catapultar sua pessoa a carreira de celebridade. Onde fica a causa do feminismo nisso tudo? Onde fica a luta pelo direito ao topless? Luto pela liberdade individual, mas e as pessoas que falam lutar em nome do feminismo, vão deixar isso acontecer? Vão deixar uma pessoa só falar aparentemente sobre todo o movimento?
Esse é um dos meus problemas com ideologias de grupo, é muito complexo tratar indivíduos como um grupo homogêneo. Sem contar que as pessoas geralmente não lidam bem com as que discordam, acabam levando para o lado pessoal, quando muitas vezes a discordância não está nem próxima deste.
É necessário que as pessoas aprendam a ter um debate com argumentos, saibam colocar seus pontos de vista e de preferência sem clichês, não é porque estou discordando das duas reportagens citadas aqui que vou chamar tais jornais de "golpistas manipuladores" e falar algo como: "Não leio esse lixo!". Uma das coisas que sei fazer muito bem, modéstia a parte, é ler, pensar e concluir. Não serão uns peitos de fora que me enganarão! Que a imprensa ainda queira manter o assunto sobre topless em pauta, tudo bem, mas onde estão as organizadoras do Toplessaço para expressar a opinião delas? Ou a mídia está boicotando as organizadoras ou elas não querem "dar a cara a tapa"? Façam reportagens mostrando outras opiniões, como é em outros países, como está o andamento sobre a mudança de legislação, sei lá! Sejam criativos para continuar com o mesmo assunto, mas com abordagens diferentes!
Bem, só sei que já cansei da Sr.ª Ana Paula e sua história de vida, para mim já está mais do que claro a posição desta Sr.ª, e já chega de mostrar os peitos nos jornais né? Coitado do seu pai que tem que ficar triste com toda essa exposição de sua filha.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vamos proibir a violência!

Acompanhei a segunda luta de Chris Weidman e Anderson Silva com certa expectativa, e não tenho problema nenhum em falar que torcia pelo americano, tenho minhas razões para isso e elas pouco importam aqui neste momento.
O importante neste texto é o que pensei após a luta se encerrar. Logo depois da luta, lembrei que já tinha escutado e lido por ai que queriam proibir o Mixed Martial Arts (MMA), mas não lembrava como estava esta questão, mas pensei que esta ideia de proibir o esporte voltaria a pauta. E não demorou muito para chegar a notícia que iria confirmar o que havia lembrado e pensado.
Nesta notícia é lembrado que o projeto de Lei (PL) 5534/2009, do deputado federal José Mentor, PT-SP, encontra-se na Comissão de Ciência e Tecnologia do Congresso. Mas o que se pretende com esse projeto de Lei? É simples, como está no PL, a proposta é "Veda a transmissão de lutas marciais pelas emissoras de televisão na forma que especifica e dá outras providências.". Mas vamos falar a verdade e em um português claro, o Dep. José Mentor, com sua boa intenção, pretende proibir a exibição das lutas de MMA, seja em transmissões de TV aberta ou fechada, ou seja, TV por assinatura. E essa tentativa de proibir a exibição do MMA tem nome, se chama Censura! Falarei disso mais a frente... Primeiro vou abordar um pouco a questão do Ultimate Fighting Championship (UFC).

O MMA é violento?
Outro dia tive a chance de ver uma das primeiras edições do UFC, e se não me engano era a sétima edição. Eram lutas em sequência, sem limite de tempo e, quase que literalmente, um vale tudo. Quem conhece a história sabe o quanto o esporte evoluiu e como melhorou as condições para atletas e organizadores. Mas chega um deputado, que provavelmente não entende de nada, e deseja simplesmente proibir a exibição do esporte profissional, acabando com a maior fonte de renda da organização do evento. Ele não deve imaginar quantos jovens estão se dedicando a treinos para se tornarem lutadores profissionais. Também não deve imaginar quantos empregos são gerados direta ou indiretamente a cada evento desse tipo. O importante para o Dep. José Mentor é que:
MMA não é esporte. Esporte é a superação do limite da pessoa humana, respeitada a integridade física. E não é arte macial (sic) coisa nenhuma. Arte marcial tem filosofia. MMA é agressão.
Então está é a visão dele sobre arte marcial, tem que haver uma filosofia. Não sei se o Dep. José Mentor se lembra, mas não faz muito tempo que existiam pessoas que praticavam Jiu-Jitsu e andavam por ai com cachorros da raça Pitbull e/ou em grupos, e estas pessoas adoravam arrumar confusão para que pudessem brigar e "praticar um pouco", e caso o Dep. José Mentor quiser se inteirar um pouco sobre o assunto, pode procurar pelo nome que estas pessoas eram chamadas, "Pitboys".
Porém, só tinha um problema com a conduta destes "Pitboys", não existe nada na filosofia do Jiu-Jitsu que justificasse tal comportamento, o que criava um conflito entre os mestres e os alunos indisciplinados. Muitos desses maus alunos, que não compreendiam tal filosofia, acabavam expulsos de suas academias, mas em nada mudavam sua atitude de buscar as brigas, na verdade em muitos casos a pratica do esporte era só uma desculpa para se prepararem para as brigas. E um dos efeitos colaterais deste comportamento foi de que os cães da raça Pitbull foram identificados como violentos e agressivos, e parte do problema de conduta de seus donos, lembro que alguns especialistas chegaram até a propor a extinção da raça, o que ocorreu em outras oportunidades por outros fatores.
Não me espantaria saber que alguém naquela época se pensou em proibir o Jiu-Jitsu devido a inconsequência de algumas pessoas que não possuíam discernimento sobre as consequências de seus atos, ou sabiam e não ligavam a mínima para eles. Então seria mais fácil proibir um esporte à punir os criminosos, pois o que estas pessoas praticavam era crime e com motivos banais. Mas felizmente o esporte conseguiu se livrar da maioria destes seres e continuou a existir.
Outro ponto é que o MMA para o UFC é um esporte profissional. Onde os lutadores são profissionais e devem compreender os riscos a que estão expostos ao lutarem. Lembrando que os lutadores sobem ao octógono por motivos que só cabem a eles saberem, não importando a ninguém se for apenas uma questão financeira, pois cada uma sabe, ou pelo menos deveria saber, o que faz da própria vida. Mas voltando a questão dos riscos... Não só os lutadores profissionais, mas todos os praticantes de esporte deveriam saber a que riscos estão expostos.
No caso dos lutadores é uma questão profissional, e aqui cabe uma observação profissional minha como engenheiro de segurança do trabalho, ao tomarem conhecimento dos riscos e ao assumirem a responsabilidade, os lutadores reconhecem que são passíveis de lesões, lembrando que o objetivo não é provocar lesões, leves ou graves, ou matar o adversário, mas acidentes podem acontecer, ainda mais quando o esporte envolve contato físico de forma tão direta. E sim, acidentes acontecem!
O caso do Anderson Silva foi um desses acidentes. O Chris Weidman declarou após a luta que havia se preparado para se defender dos chutes do Anderson, e aqui podemos perceber que existe toda uma preparação técnica dos atletas para lutarem, não é só chegar lá e agredir o adversário, como deve imaginar o Dep. José Mentor, e tal pensamento foi reproduzido na reportagem da Folha e coloco abaixo.
Você tem de ser solidário a uma pessoa que se machucou. Mas não é acidente. O objetivo do MMA é ser agressivo. Aquele pontapé faz parte da regra. É normal.
Outra coisa, o lutador americano também revelou uma possível lesão no menisco, ou seja, no joelho, só não falou se a lesão foi antes ou durante a luta. Então o argumento de ser solidário com alguém machucado só vale para o perdedor? Quantos lutadores acabam vencendo suas lutas e com um lesão? Lembro da luta entre o Jon Jones e Chael Sonnen, onde o primeiro venceu a luta, mesmo tendo quebrado o dedo do pé.
E lembrando de outras lutas, poderia perguntar se o José Aldo é mal ou agressivo em excesso com os adversários? Lembro da luta dele com o Urijah Faber, onde ele "acabou" com a perna do adversário com muitos chutes. E agora Dep. José Mentor, será que José Aldo deveria ter ido para a cadeia por ter agredido seu adversário?
Sim, existem regras e muitas situações estão previstas nestas regras, mas o Dep. José Mentor não deve ligar para isso, pois a opinião dele, como legislador e cheio de boas intenções, deve prevalecer sobre a vontade das pessoas que querem assistir as lutas. Existem pessoas como o Dep. que acham que o MMA é violento, mas isso não justifica o que foi proposto, pois cada um assiste o que quer. Estas pessoas que acham que o MMA não é esporte não são obrigadas a assistirem as lutas, elas podem buscar outro canal que esteja passando algo da preferência delas. Mas negar o direito de milhares, milhões de pessoas assistirem a luta é censura! E usar qualquer argumento maquiado com boa intenção é jogar sujo, pois qualquer coisa poderá ser censurada com pseudo-argumentos chulos.

Vamos proibir a violência!
Devem existir muitas pessoas como o Dep. José Mentor, uma delas é o Sr. Laurez Cerqueira, que escreveu o texto intitulado "UFC é rinha humana", cheios de pseudo-argumentos, mas que foram totalmente desconstruídos pelo Luciano Henrique em seu sítio. Como o Luciano já fez um ótimo trabalho, vou me dedicar ao título desta parte do texto e esquecer as bobagens ditas pelo Sr. Cerqueira.
Quantas notícias você já leu sobre a tentativa de acusar pessoas que pegam armas e atiram a esmo serem influenciadas por jogos de videogame? Lembro que basta ter um caso que é questão de tempo até acharem um videogame e jogos violentos para serem acusados de serem os geradores de todo mal causado. Só se esquecem que para se ter uma arma de modo oficial neste país é quase que impossível, mas você não verá muitos debates sobre está questão, pois o culpado nestes casos são os jogos violentos.
Mas a violência é natural do ser humano ou é gerada? Ela pode ser reprimida ou controlada? O Luciano falou um pouco sobre tais questionamentos em seu texto. Mas lembro da campanha "Conte até 10" do governo. Está campanha tinha como objetivo diminuir crimes cometidos por impulso.
Cartaz da campanha "Conte até 10" que pretendia diminuir crimes cometidos por impulso.
Fonte: Divulgação/Governo Federal.
Será que a campanha atingiu seu objetivo? Quantos crimes foram evitados quando a pessoa contou até 10 para diminuir a sua agressividade e desistir de ser violenta? Quanto dinheiro foi gasto nesta campanha? Pelo menos os atletas não quiseram o cachê, emprestando suas imagens com boa intenção, acho que os únicos que tiveram realmente alguma boa intenção legítima.
Mas talvez fosse melhor proibir as pessoas de serem violentas, que tal? Mas calma, será que o Código Penal já não serve para este propósito? Aquelas possíveis punições de cadeia devem ser muito severas ao ponto de intimidar as pessoas para que estas pensem duas vezes antes de cometerem algum crime né? ... Não, na verdade não! Cansei de ver entrevistas com bandidos que assumiam que cometiam crimes violentos e que não tinham medo das punições, por saberem que o sistema judiciário e prisional são falhos. Além do fato de terem os defensores dos direitos humanos ao lado deles. Que por sinal tem uma nova tática para ajudar os criminosos. A nova tática é acusar as vítimas de algum crime. Já vi bandido que teve o assalto frustado e levou uma surra acusando suas vítimas de lesão corporal. Outro dia um bandido, que foi pego com uma pequena quantidade de maconha após assaltar um jovem, falou que a droga não era dele, mas de sua vítima, querendo dar a entender que o rapaz vítima do assalto era traficante. Na mesma reportagem o policial que foi entrevistado falou que está cada vez mais normal esse tipo de coisa. Ou seja, de criminosos passam a vítimas e buscam se livrar ou levar suas reais vítimas para a cadeia.
E não pense que a proibição seja uma ideia ruim, pois no Brasil muitos políticos acham que se resolve tudo com uma Lei, e de preferência que seja uma proibindo algo! Se esta proibição for sustentada por uma boa intenção, então pode ter certeza que deve ter alguma mente brilhante de algum político da esquerda brasileira que apenas pensa em defender as minorias de algum mal do qual estas nem imaginam que lhes afligem. Também não pense que o povo se opõe a este tipo de coisa, porque a maioria deve adorar a intervenção estatal, desde que seja na vida dos outros, mas nem reparam como o governo mete a mão em suas vidas sem que percebam o mal causado por atitudes autoritárias como estas, para não dizer que algumas beiram o totalitarismo! Afinal, vivemos em uma democracia né?
Então que se proíba a transmissão de lutas violentas, será pelo bem do povo, não importando a mínima se o povo quer ou não assistir as lutas... E assim, só fico curioso para saber como o governo vai proibir as pessoas de buscarem meios para assistirem as lutas, irão bloquear sítios na internet? Irão proibir a circulação de DVDs piratas contendo as lutas? Prenderão quem assistir as lutas? Qual será o período da punição? Este período aumentará em caso de reincidência? Bem, são só algumas questões que o governo terá que lidar com mais esta proibição que está por vir. Enquanto isso, aproveitem para ver dos lutadores se superando e tendo vitórias incríveis após muitas dificuldades, pois quando a proibição chegar, serão só lembranças!

Gostaria de deixar registrados meus votos de uma rápida recuperação ao Anderson Silva e que ele tome a decisão que achar mais acertada para a própria vida! E que mesmo torcendo para o seu adversário nesta última luta, ele me proporcionou grandes emoções em lutas anteriores, e que isso ninguém poderá apagar ou proibir de lembrar.